sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sobre a comunicação literária

Eis algumas intervenções num texto que me interessou



A literatura emerge das condições ostensivas da história. (p. 16)
...

Este livro não esconde - e pelo contrário proclama -  o seu caráter inevitavelmente problemático. O problemático é, hoje mais do que nunca, o único modo de ser coerente. [COMO?!]Abrir horizontes de investigação, questionar a verdade no seu dinamismo [...] são tarefas que só podem ser desenvolvidas problematicamente. E em constante diálogo. [...] já que este ensaio pressupõe e exige um leitor participante. Ele não quer pensar por mas pensar com. Embora igualmente preveja a margem de risco inevitável a todo pensamento possível. Mas Nietzsche dizia que o pensamento que não é arriscado não é digno de ser pensado.
Este livro quer ainda ser claro[é?!]. Para ser entendido. Porque a afetação intelectual no Brasil dos nossos dias se transformou em incomunicabilidade . Nunca se falou tanto em comunicação e nunca a comunicação foi tão bloqueada[em 1970?!]. E o que essa afetação, esse esnobismo - manifesto sobretudo na utilização imprópria do vocabulário da moda - esconde, não é o saber silencioso e preciso mas o alarido leviano da incultura [hum!!!...]. É certo que não pedimos a clareza das paredes brancas e vazias do impressionismo. E não queremos o sacrifício daquela linguagem técnica que é a expressão mesma do fenômeno. O que recusamos é a verbosidade, a palavra gratuita, a sofisticação desnecessária. Já se disse que o verdadeiro escritor não é o que dificulta as coisas fáceis, mas o que facilita as coisas difíceis. Essa dificuldade, essa complicação deliberada, é o esconderijo do despreparo. (p. 17-8)

PORTELLA, Eduardo. Teoria da comunicação literária. 4. ed Rio de Janeiro: Tempo brasileiro, 1985 (1ª edição em 1970).


Eduardo Portella

Um comentário:

  1. Viajei no texto!
    Sobretudo nessa parte que segue:
    "O problemático é, hoje mais do que nunca, o único modo de ser coerente. [COMO?!]Abrir horizontes de investigação, questionar a verdade no seu dinamismo [...] são tarefas que só podem ser desenvolvidas problematicamente"
    Lembrou-me Edgar Morin...
    Abraço, cabra!

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