Moraliza o Poeta nos Ocidentes o Sol e a Inconstância dos bens do Mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
MATOS, Gregório de. [Moraliza o Poeta nos Ocidentes o Sol e a Inconstância dos bens do Mundo]. In: MATOS, Gregório de. Antologia poética. 7. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, [1991?]. p. 84.
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