Os mais belos cartazes chegaram a ficar sujos e ilegíveis, foram arrancados e a ninguém ocorreu renová-los. A tabuleta com o número dos dias transcorridos desde que havia começado o jejum, que nos primeiros tempos era cuidadosamente mudado todos os dias, há muito tempo era a mesma, pois ao fim de algumas semanas esse pequeno trabalho tinha-se tornado desagradável para o pessoal; e desse modo o jejuador continuou jejuando, como sempre havia desejado, e o fazia sem incômodo, tal como em outra época havia anunciado; mas ninguém contava mais o tempo que passava; ninguém, nem mesmo o próprio jejuador, sabia quantos dias de jejum havia alcançado, e seu coração enchia-se de melancolia. E assim, certa vez, durante aquele tempo, um ocioso se deteve diante de sua jaula e se riu do velho número de dias consignado na tabuleta, parecendo-lhe impossível, e falou de impostura e velhacaria; foi essa a mais estúpida mentira que puderam inventar a indiferença e a malícia inatas, pois não era o jejuador quem enganava, ele trabalhava honradamente, mas era o mundo quem enganava quanto aos seus merecimentos.
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