Contentamento
Este ar tranquilo que me envolve,
A mansidão que me penetra,
Na noite fluida, transparente.
É tudo quanto eu desejava,
Que mais me falta, Deus louvado?
A lua vem, entre as ramagens
Do jardim que dorme na sombra,
Fazer-me suave companhia.
Esta doçura esparsa em tudo
(Que noite para amar a vida!)
Bem sei porque me põe num êxtase
É a esmola anônima do céu
Para a minha alma de homem grata.
Meu Senhor, minha boca é pobre
Para dizer toda a verdade,
Tudo que sobe do meu peito.
Meu Senhor, à minha família
Dá sempre saúde e paciência;
Aos meus amigos dá fortuna;
E ao mais indigno dos teus filhos
Este humilde contentamento.
COUTO. Ribeiro. Contentamento. In: LISBOA, Henriqueta (org.). Antologia escolar de poemas para a juventude. 8. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 31.

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