A não ser que você escreva, não saberá como é maravilhoso; eu sempre reclamava de não conseguir desenhar, mas agora me sinto felicíssima por saber escrever. E, se não tiver talento para escrever livros ou artigos de jornal, sempre posso escrever para mim mesma. Mas quero conseguir mais do que isso. Não consigo me imaginar vivendo como mamãe, a Sra. van Daan e todas as mulheres que fazem o seu trabalho e depois são esquecidas. Preciso ter alguma coisa além de um marido e de filhos aos quais me dedicar! Não quero que minha vida tenha passado em vão, como a da maioria das pessoas. Quero ser útil ao trazer alegria a todas as pessoas, mesmo àquelas que jamais conheci. Quero continuar vivendo depois da morte! E é por isso que agradeço tanto a Deus por ter me dado esse dom, que posso usar para me desenvolver e para expressar tudo o que existe dentro de mim!
Quando escrevo, consigo afastar todas as preocupações. Minha tristeza desaparece, meu ânimo renasce! Mas - e esta é uma grande questão - será que conseguirei escrever alguma coisa importante, será que me tornarei jornalista ou escritora?
Espero, ah, espero muito, porque escrever me permite registrar tudo, todos os meus pensamentos, meus ideais e minhas fantasias.
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E vou em frente, com o espírito renovado. Tudo vai dar certo, porque estou decidida a escrever!
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Tradução de Ivanir Alves Calado. 41. ed. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2017. p. 278-279. Única edição integral autorizada por Otto H. Frank e Mirjam Pressler.

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