sábado, 14 de maio de 2011

"Embriague-se?" E depois, acostume-se às dores "de" cabeça...

É muito bom descobrir as coisas de maneira vivencial, lendo e escutando. Nesse caso, a minha ordem foi escutar e ler.
Vejam a letra dessa música da banda Barão Vermelho (capa do CD Barão Vernelho - 2004)




EMBRIAGUE-SE
(Frejat / Mauro Santa Cecília)

Tudo acaba nisso
É a única questão 
Embriagar-se é preciso 
Não importa que horas são

Não ser escravo do tempo
 

Nas escadarias de um palácio 
Na beira de um barranco 
Ou na solidão do quarto

Embriague-se
 

Embriague-se de noite 
Ou ao meio-dia


Embriague-se
Embriague-se numa boa 

De vinho, virtude ou poesia

Tudo acaba nisso
 

É a única questão 
Embriagar-se é preciso 
Não importa que horas são

Pra quem foge,pra quem geme
 

Pra quem fala,pra quem canta 
Pra não ter medo da maldade 
Pra acordar toda cidade

Embriague-se
 

Embriague-se de noite 
Ou ao meio-dia


Embriague-se 
Embriague-se numa boa 
De vinho, virtude ou poesia


* LIVRE ADAPTAÇÃO DO POEMA EM PROSA
"EMBRIAGUE-SE", DE BAUDELAIRE


P.S.: durante algum tempo, "Pra não ter medo da maldade" soava tão verdadeiramente "Pra não temer toda maldade"




Charles Baudelaire


Aqui vai o "pequeno poema em prosa" de Baudelaire

É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos.
E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: 'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira'.

Charles Baudelaire

Livro Pequenos poemas em prosa





 Charles-Pierre Baudelaire (Paris, 9 de Abril de 1821 — Paris, 31 de Agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francêsa. É considerado um dos precursores do Simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia,[1] juntamente com Walt Whitman, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.
Nasceu em Paris a 9 de abril de 1821. Estudou no Colégio Real de Lyon e Colégio Louis-Le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe foi passado por um colega).
Em 1840 foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Pára na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos vive entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval. Em 1844 sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.
Em 1857 é lançado As flores do mal contendo 100 poemas. O livro é acusado no mesmo ano, pelo poder público, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são presos, o escritor paga 300 francos e a editora 100, de multa.
Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreveu seis novos poemas "mais belos que os suprimidos", segundo ele.
Mesmo depois disso, Baudelaire tenta ingressar na Academia Francesa. Há divergência, entre os estudiosos, sobre a principal razão pela qual Baudelaire tentou isso. Uns dizem que foi para se reabilitar aos olhos da mãe (que dessa forma lhe daria mais dinheiro), e outros dizem que ele queria se reabilitar com o público em geral, que via suas obras com maus olhos em função das duras críticas que ele recebia da burguesia.
Morreu prematuramente sem sequer conhecer a fama, em 1867, em Paris, e seu corpo está sepultado no Cemitério do Montparnasse, em Paris.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 

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