III
Só cicatrizes de estrelas excitando a memória.
Só estrelas ausentes eliminando o tempo em nós.
Só estrelas esterilizando a aurora em nós.
Nem os arados que revolvem a esperança.
Nem as luzes que plantam em nós
a aceitação da morte.
Nem o hálito dos profetas.
Nem o rasto dos apóstolos.
Nem os heróis.
Nem a vitória dos Santos
em si mesmos.
Nunca.
IV
A luz contempla o mundo.
Tudo é fértil em seu segredo,
segredos evanescentes na hora pura.
Sedimentos de claridade colorida
contêm os extremos do céu parado.
Há sombras que se refugiam e que se amam
acumuladas nas bases dos mortos. Libertas,
se dissiparão no silêncio noturno
das praias.
As árvores meditam. Partirão depois
para as florestas.
É a vida no tempo.
É a vida presente no sangue
e nas coisas.
É a vida presente nos seres
e no sonho.
É a vida perpetuada em si mesma.
É a vida presente.
Sempre.
CARVALHO FILHO, [José Luiz de]. Poemas. Salvador: [s. n.], 1988. p. 47-48. Edição particular.
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