quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Citação de Pesquisa na escola: o que é, como se faz, de Marcos Bagno

 


O segundo passo é uma simples troca de sílaba. Em vez de rePEtir alguma coisa, nós devemos reFLEtir sobre ela. A gramática tradicional, que vem norteando o ensino da língua há quase dois mil anos, não é uma ciência: é uma doutrina. Como toda doutrina, ela tem seus dogmas, que devem ser aceitos sem contestação e transmitidos intactos às gerações futuras. A nomenclatura gramatical, por exemplo, que usamos até hoje - sujeito, objeto, advérbio, subjuntivo, pretérito, antônimo, preposição, artigo, etc. - é a mesma proposta pelos gregos antes de cristo. O que o ensino gramatical faz, então, é repetir esses mesmos termos, conceitos e definições, sem submetê-los a uma análise profunda.

A atitude oposta é a atitude investigativa, reflexiva e crítica. Em vez de se contentar em receber um pacote pronto e passá-lo adiante, o cientista da linguagem abre esse pacote e vai ver o que tem lá dentro, por que aquelas coisas estão reunidas daquele jeito, para que elas servem realmente, para quem elas podem de fato ser úteis, se elas deviam mesmo estar ali, se o nome que elas recebem é adequado etc. etc.

BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 20. ed. São Paulo: Loyola, 2006. p. 82-83.

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