sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Citação de Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade, de Néstor Garcia Canclini


 

DA DESCRIÇÃO À EXPLICAÇÃO


Ao reduzir a hierarquia dos conceitos de identidade e heterogeneidade em benefício da hibridação, tiramos o suporte das políticas de homogeneização fundamentalista ou de simples reconhecimento (segregado) da "pluralidade de culturas". Cabe perguntar, então, para onde conduz a hibridação e se serve para reformular a pesquisa intercultural e o projeto de políticas culturais transnacionais e transétnicas, talvez globais.
 

Uma dificuldade para cumprir esses propósitos é que os estudos sobre hibridação costumam limitar-se a descrever misturas interculturais. Mal começamos a avançar, como parte da reconstrução sociocultural do
conceito, para dar-lhe poder explicativo: estudar as processos de hibridação situando-os em relações estruturais de causalidade. E dar-Ihe capacidade hermenêutica: Torná-lo útil para interpretar as relações de sentido que se reconstroem nas misturas.

Se queremos ir além de liberar a análise cultural de seus tropismos fundamentalistas identitários, deveremos situar a hibridação em outra rede de conceitos: por exemplo, contradição, mestiçagem, sincretismo, transculturação e crioulização. Além disso, é necessário vê-la em meio às ambivalências da industrialização e da massificação globalizada dos processos simbólicos e dos conflitos de poder que suscitam.

 

CANCLINI, Néstor Garcia. Introdução à edição de 2001: as culturas híbridas em tempos de globalização. In: CANCLINI, Néstor Garcia. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. Tradução da introdução de Gênese Trindade. 4. ed. 4. reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. p. XXIV-XXV [XVII-XLIII].


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