
O passo do Lui
Fui Eu (Herbert Viana)
Os pés descalços queimam no asfalto
Os carros passam, vêm e vão
Eu dobro a esquina, eu vou na onda
Pego carona na multidão
Você olhou, fez que não me viu
Virou de lado, acenou com a mão
Pegou um táxi, entrou e sumiu
Deixou o resto de mim no chão
Vai ver que a confusão
Fui eu que fiz, fui eu
Há algo errado no paraíso
É muito mais que contradição
Sou eu caindo num precipício
Você passando num avião
Você olhou e fez que não me viu
Foi com se eu não estivesse ali
Desligou a luz, deitou, dormiu
Nem pensou em se divertir
.
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A Raça Humana- Gilberto Gil
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é a ferida acesa
Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição
A raça humana é o cristal de lágrima
Da lavra da solidão
Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão
A raça humana risca, rabisca, pinta
A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
Que traz do gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
Da perfeição divina
Na grande síntese
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é
Uma semana
.
Bíblica
Quem vê tudo o que fiz
Diz que são cismas
Não é trabalho meu
Diz que são cismas
Não é trabalho meu
Diz que não cria
Não sabem que se vivo de poesia
É porque a vida eu vi por outros prismas
Me cansam de dizer que são sofismas
E que ao real prefiro a fantasia
Mas eles próprios criam a utopia
Do que poe o poeta e seus carismas
Que se a imaginação que tudo pede
A poesia curva-se e concede
Também se curvará a realidade
Porque através do tempo
Os sonhadores estão pelo caminho
Igual pastores
Levando pelas mão a humanidade
Paulo César Pinheiro
Realista
É mesmo assim que eu penso
Jamais usarei lenço pra me enxugar o choro
Que as lágrimas que descem
Aos poucos me enriquecem
Viram pedras de ouro
É mesmo assim te digo
Quem usa lenço, amigo
Vive a dizer adeus
Eu vou, mas nos espaços de todos os abraços
Eu deixo os braços meus
É mesmo assim seu moço
Não uso no pescoço medalha nem cordão
Não quero ter lembrança alguma
Nem herança alguma de ilusão
E tu, se teus presentes
São camafeus correntes
Tenho pena de tu
Deixo a cantiga avulsa
Do coração que pulsa
Sobre meu peito nu
Relógio então nem falo
Eu sei cada intervalo de tempo que se flui
Por isso me contento
Porque eu possuo o tempo
Como ele me possui
E que contempla a aurora
Pelo bater da hora
Jamais será liberto
Tu tens no pulso o tempo
Mas do lado de dentro é que o tempo está certo
É mesmo assim que faço
Não uso prato ou aço pra minha proteção
Meu verso é o orago Bento
A reza é o pensamento
E o templo é o coração
Quem prende-se a uma crença
Ou é por reconpensa de Deus
Ou então por medo
Eu vou tal como eu vim
Vivendo o que pra mim foi dado nesse enredo
Gravata e palitó
Não uso e tenho dó que quem precisa usá-los
É como ver nos matos Entre arreios e aparatos
Um bando de cavalos.
Eu uso o essencial sobre o meu corpo
Tal como o meu corpo quer
Feliz fica meu corpo
Vestido de outro corpo
Um corpo de mulher
Eu sou tão realista
Que vivo como artista
E artista é o sonhador
Que o sonho me sustente
Realisticamente como compositor
Por isso que componho
Realidade em sonho
E sonho em realidade
Pois vindo pra compor
Metade do que sou
Compõe a outra metade
Paulo César Pinheiro
+ 26 de junho - Michel Foucault, filósofo francês (n. 1926).
+ 12 de Fevereiro - Julio Cortázar, escritor argentino (n. 1914)
+ 15 de Maio - Maria José Dupré, escritora brasileira (n. 1898)
+ 1 de Abril - Marvin Gaye, cantor e compositor estadunidense (n. 1939)
Não sabem que se vivo de poesia
É porque a vida eu vi por outros prismas
Me cansam de dizer que são sofismas
E que ao real prefiro a fantasia
Mas eles próprios criam a utopia
Do que poe o poeta e seus carismas
Que se a imaginação que tudo pede
A poesia curva-se e concede
Também se curvará a realidade
Porque através do tempo
Os sonhadores estão pelo caminho
Igual pastores
Levando pelas mão a humanidade
Paulo César Pinheiro
Realista
É mesmo assim que eu penso
Jamais usarei lenço pra me enxugar o choro
Que as lágrimas que descem
Aos poucos me enriquecem
Viram pedras de ouro
É mesmo assim te digo
Quem usa lenço, amigo
Vive a dizer adeus
Eu vou, mas nos espaços de todos os abraços
Eu deixo os braços meus
É mesmo assim seu moço
Não uso no pescoço medalha nem cordão
Não quero ter lembrança alguma
Nem herança alguma de ilusão
E tu, se teus presentes
São camafeus correntes
Tenho pena de tu
Deixo a cantiga avulsa
Do coração que pulsa
Sobre meu peito nu
Relógio então nem falo
Eu sei cada intervalo de tempo que se flui
Por isso me contento
Porque eu possuo o tempo
Como ele me possui
E que contempla a aurora
Pelo bater da hora
Jamais será liberto
Tu tens no pulso o tempo
Mas do lado de dentro é que o tempo está certo
É mesmo assim que faço
Não uso prato ou aço pra minha proteção
Meu verso é o orago Bento
A reza é o pensamento
E o templo é o coração
Quem prende-se a uma crença
Ou é por reconpensa de Deus
Ou então por medo
Eu vou tal como eu vim
Vivendo o que pra mim foi dado nesse enredo
Gravata e palitó
Não uso e tenho dó que quem precisa usá-los
É como ver nos matos Entre arreios e aparatos
Um bando de cavalos.
Eu uso o essencial sobre o meu corpo
Tal como o meu corpo quer
Feliz fica meu corpo
Vestido de outro corpo
Um corpo de mulher
Eu sou tão realista
Que vivo como artista
E artista é o sonhador
Que o sonho me sustente
Realisticamente como compositor
Por isso que componho
Realidade em sonho
E sonho em realidade
Pois vindo pra compor
Metade do que sou
Compõe a outra metade
Paulo César Pinheiro
Escolha
Porque a tudo dou fim
Depois de dura conquista
É que se a dor me contrista
Não tenho pena de mim
Depois de dura conquista
É que se a dor me contrista
Não tenho pena de mim
Não é que seja ruim
Nem sequer masoquista
Mas é meu ponto de vista
Mereço sofrer assim
Mas se para que o verso exista
Tiver que a dor dizer sim
Então serei fatalista:
A dor que acenda o estopim
E o homem mate-me
Afim de que não morra o artista
Nem sequer masoquista
Mas é meu ponto de vista
Mereço sofrer assim
Mas se para que o verso exista
Tiver que a dor dizer sim
Então serei fatalista:
A dor que acenda o estopim
E o homem mate-me
Afim de que não morra o artista
Paulo César Pinheiro
Acontecimentos
+ 26 de junho - Michel Foucault, filósofo francês (n. 1926).
+ 12 de Fevereiro - Julio Cortázar, escritor argentino (n. 1914)
+ 15 de Maio - Maria José Dupré, escritora brasileira (n. 1898)
+ 1 de Abril - Marvin Gaye, cantor e compositor estadunidense (n. 1939)
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